Para toda a vida

08 de maio de 1995. Tudo era novidade para as duas. Eu iniciando ser mãe. Você iniciando ser você. Alegria, ansiedade, expectativa. Receios, dúvidas, inseguranças. E sempre o meu amor.

Era noite, segunda-feira. Seus olhinhos se abriram e seu choro cessou no meu peito. Iniciamos cumplicidade e bem-querer. Uma história da qual passaram a participar pai, avós, padrinhos, tios, tias, primos e amigos.

A chegada à casa foi cercada de cuidados. Me faltava experiência. Temia que som, luz ou pessoas pudessem perturbar você. Com o tempo, aprendi que os bebês têm força e personalidade. Você sempre gostou de gente em casa!

Alguns meses de vida e chegaram os amiguinhos do prédio. Você se lembra? Na sala, sobre o tapete, os corpinhos se arrastavam, querendo ganhar o mundo. Aos poucos, você foi apoiando os bracinhos no sofá. E surgiram os passos, o caminhar. Vieram palavras, frases, discursos — ora em português ora em mayarês, a língua que nos encantava.

Mudamos de apartamento. Vieram desafios, a escola. Você foi bailarina, nadadora, desenhista e flautista. Fez amigos que permaneceram e amizades que se foram. Aflorou a criatividade em traços, desenhos, cores. Desenvolveu a imaginação em histórias que criou e poemas que escreveu. Exercitou a sensibilidade com seus hamsters. Explorou o humor na criação de personagens. Fazia a família gargalhar!

Mudamos de apartamento novamente. Houve mais mudança: separação de pai e mãe, sem deixar o amor por você mudar. Chegou a cadelinha para recompor a casa em três.

Novamente escola. Professores. Estudos. Curiosidade. A infância sendo deixada para trás e a adolescência começando a despontar. As transformações no corpo, as inseguranças, os interesses. A descoberta do teatro e o desejo de ser atriz. Sua personalidade se definindo: indignação com as injustiças, lealdade com os amigos, compaixão pelos animais e gosto em viver. Escola chegando ao fim e a angústia para escolher a profissão. Até a decisão se concretizar. E só podia mesmo ser criação! Abriu-se um portal: a universidade. Sonhos, desapontos, tanto acontecendo e tanto por vir. Nossa, o tempo passa!

Modificações ocorreram. Pessoas partiram, outras chegaram. É, filha, essa é a vida: movimento, evolução. Foram-se muitos anos. Vão-se ainda mais.

Sempre é dia de agradecer: a Deus, por nos fazer mãe e filha; à vida, por nossa parceria; a você, por ser quem é. Para toda a vida, ficam os meus votos: que você descubra as suas verdades, que trace o caminho da sua felicidade, que realize os seus sonhos. Que todos os aniversários tragam felicidade! E a façam lembrar, moça Mayara, que para sempre vou te amar.

Clube da Escrita Ana Holanda

Maio 2021 — desafio #003 (texto escrito sem adjetivos)

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